quinta-feira, 29 de julho de 2010

Entardecer de uma noite

Como você achou que poderia se queimar
com estas chamas de algodão...
tudo é estranho ao final do dia
quando as luzes ainda não ascenderam, e os espelhos se espatifam pelo chão...
os olhares condenatórios no final das ruas...
no entardecer da noite...
no raiar da tarde..
no pôr-do-dia...
talvez amanhã quando não houver fé...
usemos nossa imaginação..
para nos ver ao lado de uma pintura de tela inacabada..
olhando para a janela alaranjada pelo pôr-do-sol em nosso apartamento...
lutando para conter o desejo de ser quem não conseguimos ser...
e entender o que nos tornamos
sangrando dentre nossos prantos de derrota...
e se esbarrando no sombrio doce de uma melodia suja na vitrola do quarto...
um vinil antigo,
um ''blues'' desconhecido e bêbado...
sobre aquela poltrona...
sobre a unica coisa que sempre teve valor para qualquer pessoa!
o fim de um dia sem nada pra contar...
sem ter com quem contar... onde quer que esteja qualquer pessoa.
daí sente-se em seus braços...
e se abraça com embaraços a morte do sentimento sólido... em solidão.
um último solo de guitarra...
um ultimo suspiro de nicotina....
e nossa imaginação não sabe nos dizer.. o que importa de verdade...
o que realmente poderia ter feito diferença...
ou o que simplesmente poderia ter sido dito a quem desaparece
na névoa do entardecer da noite...
no sangrar do dia...
no falecer do fim dos dias.